Naquele dia saà de casa ás 8:00, obviamente atrasado, não por causa da vaidade, mas pelos
devaneios e compulsão por informação que surgem durante a noite. Caminhando, com a mochila de
lado, eu escolhia qual música me acompanharia no trajeto até o trabalho: Coldplay.
Ao chegar na praça sabia que já estava na metade do caminho, foi então que eu o vi, com sua
bolsa carteiro, atrasado como eu. Me senti feliz, ele nĂŁo havia me visto, entĂŁo eu podia sorrir
sem pudor.
O tráfego estava agitado aquela manhĂŁ, o que Ă© raro para uma cidade do interior, seria possĂvel
que todo mundo resolvera se atrasar?
Eu ainda nĂŁo havia desviado o olhar dele, que agora estava na minha frente, em apenas um
"atravessar" de distância. Ele olhou para trás. Me viu. Me assustei por 1 segundo, não esperava
contato visual pois me sentia um perseguidor por acidente, indo para o trabalho que
coincidentemente era perto do seu.
Os carros nĂŁo me deixavam passar; aquele olhar e sorriso de lado, foi simples e casual, mas pra
mim significava "desculpe, nĂŁo posso esperar, estou atrasado!".
Naquele momento eu odiei todos os carros e meios de transporte, tudo o que me privou de ter
aquela presença por mais curta que fosse. Naquele dia odiei os carros, motos, bicicletas e
Ă´nibus. Mas naquele dia agradeci ao atraso.