Querida Maysa, hoje eu te ouvi novamente. Se você tivesse me visto nos últimos dias, será que ficaria orgulhosa ou me atiraria bebida na cara? Ah, se tivesse me visto...
Bebendo como nunca, falando alto, rindo e alucinando num retrato de vida feliz.
Me esquecendo das dores e responsabilidades. Confesso que fui mais livre, tragando e brincando enquanto a fumaça de dissipava.
Buscando abrigo nos braços de terceiros. Um nômade quase inconsciente. Não, não achei tantos abrigos assim. Abrigos fáceis são perigosos, desabam facilmente. Queria um lar, Maysa! Isso deveria ser mais simples...
Já estou te imaginando com o cigarro na mão, perdendo a paciência com meus relatos. Olhando o gelo derretendo em seu copo. Mas eu sei que você me entende. Entende e não sorri.
Será que eu terei salvação, Maysa? Será que eu vou conseguir redenção? Ou acordar correndo para o banheiro e vomitar meus pecados na manhã seguinte; será meu novo caminho? Estou preenchendo meus vazios com álcool.
Me peguei ontem contando moedas, me preparando para mais uma batalha contra eu mesmo. Faz tempo que nĂŁo tenho "pensamentos ruins" como antes, vocĂŞ se lembra como eram? Estou bem sem eles. Ainda estĂŁo se afogando aqui.
O tempo está se fechando de novo. A chuva me frustra!
Bom, só queria te contar isso. Te jogar palavras e lembranças de dias recentes, contar que certezas estão mudando.
Até outro dia, minha cara.
Um brinde!
Beijos...