O girar incansável nessa cadeira, o bater frenético dos pés e pernas inquietas no chão. olhar o celular minuto a minuto. Inquietações...
Abrir a pasta de músicas, não se decidir, mudar uma por uma a cada final por não ter paciência de colocar no aleatório do Media Player.
Encarar a tela do PC, ignorando todo o trabalho pela frente, imaginando o distante, que talvez pode estar perto.
Pensar mil frases de efeito, não publicar nenhuma. O medo do clichê. O medo de se repetir na história. O medo de ser só mais um.
Olhar as formiguinhas invasoras em cima da mesa, fazê-las mudar o trajeto, se sentir poderoso quando faz isso, se sentir minúsculo quando fazem isso com você.
Tudo são reflexos da inquietação, da ansiedade, em apenas uma manhã de Sexta. Em apenas meio dia. Em apenas meia vida de um dia.
Assim que essas nuvens escuras se dissiparem, a minha perna vai parar de tremer debaixo dessa mesa com toda essa inquietação. Me alcance antes da partida ou diga adeus antes que essa Roleta Russa de decisões me atinja. Depois do pôr do sol, ao virar dos copos, antes do amanhã, me atire o seu maior sonho!
Ainda olhando o caderno achei um texto perdido pelas folhas. Acho que ele deve ser de 4 meses atrás (ou mais). Eu realmente não lembro o motivo, mas posso imaginar alguns. Ele é quase o oposto desses meus últimos dias. Agora, pelo menos, entra um pouco de luz pela janela...
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Não sei porque sinto essa angústia aqui dentro. Eu me sentia tão empolgado como uma criança que descobre que vai ganhar o presente dos sonhos, mas no final eram só promessas.
Fico pensando como será trágico o fim. Um fim sem começo. Um fim triste e unilateral. Preferia ser espancado, para não sentir tal dor na alma.
Me sinto carregado ao fundo do rio com um apedra amarrada ao peito. Pesado e vazio. Chega uma hora que não dá pra lutar mais.
Quantas vezes se pode afogar em um sonho e acordar com água nos pulmões? Sinto isso a vida toda.
Olhando as folhas de meu caderno achei um poema de tempos atrás que não havia publicado. Não lembro o porquê, talvez não estava terminado ou simplesmente não estava/está bom. Mas vou publicar porque de alguma forma ele merece.
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Janela fechada,
para eu não ver o mundo
ou o mundo não me ver?
Porta trancada,
a vida não irá passar;
por aquele portal
você nunca irá entrar.
No escuro o teto se esconde
encaro o infinito.
O corpo descansa, a mente trabalha
Nos sonhos, um campo de batalha.
Se algum dia você bebeu e então teve uma conversa sincera com alguém, então você pode conhecer aquela sensação no dia seguinte - bom, não sei se é bem uma "sensação" - é quando você mistura o real com o sonho. E então surge a pergunta: "Isso é real?".
Se a conversa tiver sido uma coisa muito boa então a "sensação" terá um impacto diferente, seguido pelo desejo de que tudo aquilo fosse real: "Será? Tomara!".
A primeira vez que senti isso fiquei com medo de que realmente tivesse acontecido, ou pior, que NÃO tivesse acontecido. Se tivesse, seria um choque, é raro coisas boas acontecerem (comigo).
Na segunda vez eu consegui desejar, com força, que fosse verdade.
Já na terceira vez, eu tive a certeza de que era real. Acredita?
...
Naquela manhã eu acordei, no meu quarto, suando e com flashes da noite anterior, flashes que pareciam tapas na cara. Deixei escapar um sorriso, tentei ter certeza se poderia continuar sorrindo ali, deitado. Seria real?
Procurei o meu celular ao redor da cama, uma bagunça que me entende. Eu o achei, estava quase descarregando, mas nada nele me fez ter certeza de que eu poderia continuar com aquele sorriso estampado. Mas aquela batida acelerada no peito funcionava como um "sim". Inaudível e presente. Eu corri para o banheiro, queria ser o primeiro a ver aquela coisa rara numa manhã de segunda-feira: Alegria! Ela poderia ter ficado mais presente, se eu não tivesse uma reunião em menos de 30 minutos.
Mas eu tinha uma certeza, naquele dia, eu senti que poderia dizer: "Bom dia!".
Oi! Eu sou o Tarick, sou mineiro e ilustrador. Este blog contém pensamentos, sensações e lembranças que transformo em textos e poemas. Eu descobri que posso ser aventureiro sem sair do lugar, explorando ideias e mundos literários. Por isso criei o Desaventureiro. Um espaço para viajarmos juntos! Preparados? Vamos mesmo assim!